Inteligência artificial generativa: um desafio iminente para as instituições de ensino superior profissionalizante
Inteligência artificial generativa: um desafio iminente para as instituições de ensino superior profissionalizante
Rodrigo Angulo Gómez-Marañón
Professor Visitante da Carver
Engenheiro Civil Industrial pela Universidade do Chile, MBA pela Universidade Adolfo Ibáñez e PADE pela ESE Business School. Atualmente é Reitor do Instituto Profissional IPG no Chile, onde lidera processos de transformação e inovação educacional.
A irrupção da inteligência artificial generativa (IA-G) em todos os setores da sociedade desencadeou um processo de reconfiguração institucional cujo alcance mal começamos a dimensionar. As instituições de ensino superior técnico-profissional (ESTP), orientadas à formação para o trabalho, enfrentam um duplo desafio: por um lado, devem formar capital humano que compreenda e utilize a IA em seus contextos de trabalho; e por outro, devem se adaptar internamente a esta tecnologia, redesenhando processos educacionais, administrativos e de vinculação com o meio.
A IA generativa não é mais uma promessa futura. De acordo com o relatório da McKinsey (2025), 78% das organizações entrevistadas usam IA em pelo menos uma função e 71% usam IA generativa regularmente. Isso implica que as competências digitais avançadas, o pensamento crítico e a capacidade de interagir com sistemas automatizados serão indispensáveis no mercado de trabalho da próxima década (Singla, A., et al., 2025).
Para as instituições de ESTP, isto exige uma revisão de seus perfis de egresso e malhas curriculares. A inclusão de disciplinas ou módulos de alfabetização em IA, ética dos dados, e uso crítico de ferramentas generativas, torna-se uma necessidade que o mercado começa a exigir. Além disso, é preciso fortalecer a capacidade dos professores para integrar essas ferramentas na sala de aula.
Os desafios da IA-G são formativos e também de gestão dessas instituições. McKinsey aponta que as organizações que têm alcançado maior impacto da IA em seus resultados econômicos são aquelas que reformularam seus fluxos de trabalho e centralizaram sua governança sobre a IA no mais alto nível hierárquico, mesmo sob a supervisão do CEO (Sukharevsky, 2025). No caso dos institutos profissionais, isso exige incorporar a governança da IA como uma linha estratégica transversal, capaz de integrar o acadêmico, o tecnológico e o ético.
Um ponto particularmente crítico é a gestão de risco. O relatório da McKinsey identifica um aumento significativo na preocupação com a imprecisão do conteúdo gerado, privacidade de dados e conformidade regulatória (Hall, 2025). Estes aspectos devem estar presentes nos quadros de garantia da qualidade institucional e nos sistemas de gestão do risco operacional das instituições de ensino superior.
Por fim, as instituições de ESTP devem definir qual será seu papel na geração de conhecimento aplicado em IA. Além de adotar tecnologias, têm a oportunidade de se transformar em espaços de inovação tecnológica ao serviço da produtividade nacional, através de alianças com empresas, centros de pesquisa e o Estado.
A IA generativa representa uma onda tecnológica com um profundo potencial transformador. As instituições de ensino superior técnico-profissional que se antecipam, compreendem a sua lógica e adaptam os seus modelos formativos e de gestão sobreviverão à mudança e liderá-la.
Referencias