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Competências profissionais para o futuro e como abordá-las na América Latina

Competencias blandas vs. algoritmos: ¿qué nos hará imprescindibles en el futuro laboral?

O Professor Gustavo Niklander é Diretor Comercial e de Processos de Pós-Graduação na Universidad Autónoma de Chile e Diretor de Admissão da dReve Carver University. É engenheiro comercial, com formação de mestrado em Direção de Projetos pela La Salle – Universitat Ramon Llull (Barcelona, Espanha). Possui ampla experiência em gestão acadêmica, marketing educacional e liderança em formação executiva. Tem liderado iniciativas de transformação digital no ensino superior e atuado como palestrante em diversos congressos internacionais. Destaca-se por seu enfoque no desenvolvimento de competências digitais, nos processos de admissão e em estratégias de posicionamento institucional. Além disso, tem colaborado com meios de comunicação nacionais, promovendo a especialização profissional diante dos desafios da automação.

A transformação digital, as mudanças demográficas e a globalização estão redefinindo os perfis profissionais demandados no mundo. Na América Latina, esses processos se deparam ainda com desafios estruturais como a baixa produtividade, a desconexão entre educação e mercado de trabalho e uma persistente lacuna de habilidades. Para superar esses obstáculos, torna-se essencial fortalecer a formação de competências profissionais pertinentes, por meio de uma estratégia integrada que articule universidades, empresas e governos.

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a América Latina apresenta níveis de produtividade significativamente inferiores aos das economias desenvolvidas, o que limita seu crescimento econômico e a qualidade do emprego (OIT, 2023). Essa defasagem é evidente no PIB per capita por hora trabalhada — indicador que revela como os países com maior nível de formação terciária tendem a ser também os mais produtivos. De fato, a CEPAL (2022) alerta que a escassez de competências impede o desenvolvimento de novos negócios na região e é uma das principais causas da dificuldade para preencher vagas, especialmente em países como Argentina e Chile.

Nesse contexto, a formação de pessoas não deve ser encarada como gasto, mas como investimento estratégico — ou seja, formar pessoas é formar vantagem competitiva. Estima-se que 60% dos trabalhadores no mundo precisarão de algum tipo de capacitação até 2027, conforme o relatório Future of Jobs do Fórum Econômico Mundial (WEF, 2023), o que torna inadiável o impulso de estratégias de reskilling e upskilling alinhadas às demandas do mercado.

A digitalização acelerou tanto os desafios quanto as oportunidades. Tecnologias como inteligência artificial, computação em nuvem e big data estão entre as mais adotadas pelas empresas, redefinindo não apenas os perfis profissionais, mas também as formas de aprendizagem. A educação do passado — baseada em conteúdos estáticos e alheios ao contexto produtivo — já não atende às exigências do presente. Por isso, é urgente repensar os métodos pedagógicos e as alianças estratégicas no ecossistema formativo.

Entre as metodologias mais eficazes para o desenvolvimento de competências em ambientes dinâmicos destacam-se a aprendizagem baseada em projetos, o trabalho colaborativo, a simulação e o uso ativo de tecnologias no processo educativo. Essas abordagens permitem integrar competências técnicas e socioemocionais — cada vez mais valorizadas pelos empregadores. No entanto, reduzir a lacuna de habilidades não é tarefa exclusiva do mercado de trabalho; trata-se de uma responsabilidade compartilhada entre o sistema educacional, o setor produtivo e o Estado.

O ensino superior tem um papel central nessa transformação. As universidades devem não apenas atualizar seus currículos, mas também fortalecer sua articulação com o setor produtivo. Casos bem-sucedidos de colaboração entre indústria e academia demonstram que é possível co-desenvolver programas pertinentes, incentivar a pesquisa aplicada e promover a empregabilidade em setores estratégicos. Quando a oferta acadêmica está alinhada às demandas reais do mercado, não apenas se melhora a competitividade empresarial, mas também se posicionam as universidades como agentes estratégicos do desenvolvimento econômico e social (CEPAL, 2022).

O enfoque STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) aparece como uma das forças propulsoras da produtividade futura. A economia digital exige competências como pensamento computacional, análise de dados, automação de processos e sustentabilidade. Contudo, a América Latina ainda apresenta déficits na formação desses perfis. Embora mais jovens tenham acesso ao ensino superior, os programas nem sempre correspondem às necessidades do setor produtivo. Essa desconexão limita a capacidade da região de se inserir de forma competitiva na economia global.

Em síntese, o desenvolvimento de competências profissionais na América Latina requer uma visão sistêmica e inovadora. A digitalização e a mudança tecnológica representam uma janela de oportunidade, mas exigem uma resposta rápida e coordenada. Universidades, governos e setor privado devem atuar conjuntamente para construir uma oferta formativa pertinente, flexível e alinhada com as tendências globais. Somente assim será possível reduzir a lacuna de habilidades, impulsionar a produtividade e promover um desenvolvimento econômico sustentável na região.

Referências

  • CEPAL. (2022). Perspectivas do Desenvolvimento na América Latina. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.
  • OIT. (2023). Panorama Laboral da América Latina e do Caribe. Organização Internacional do Trabalho.
  • World Economic Forum (WEF). (2023). The Future of Jobs Report 2023. https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2023